No quarto e último dia do Congresso SET Expo 2025, a Sala 4 sediou uma imersão técnica intensa e colaborativa durante o workshop “Do Zero ao Streaming: Produção em Nuvem na Prática”, realizado em dois períodos consecutivos, das 10h ao meio-dia. Com uma proposta interativa e “mão na massa”, o encontro apresentou um panorama completo sobre os bastidores das produções em nuvem, consolidando-se como um dos momentos mais densos e específicos do evento.
Idealizado pelo Grupo de Trabalho de IP e Nuvem da SET, o workshop foi conduzido por especialistas gabaritados como Roberto Hoffmann (RBS TV), Boris Kauffmann (AWS), Paulo Santos (Vizrt), e Fabio Acquati (NGN Telecom), que se revezaram entre apresentações práticas, demonstrações ao vivo e reflexões estratégicas.
A abertura ficou por conta de Hoffmann, que contextualizou os desafios enfrentados na transição da teoria para o produto final. “Enquanto você não testa, você não cria o produto”, afirmou, destacando a importância dos protótipos e da experimentação regulatória. Hoffmann também sublinhou os desafios de custo e escalabilidade: “Cada adaptação encarece, e nossa população — principalmente no Brasil — sente isso diretamente. Precisamos justificar as escolhas técnicas com responsabilidade”.
Na sequência, Boris Kauffmann detalhou os desafios técnicos da integração entre workflows on-premises e cloud. “Latência, sincronismo de áudio e a escolha da forma de transporte são os temas mais desafiadores. A nuvem é um grande trunfo, mas cada decisão precisa ser medida e combinada com o que já existe”, explicou. Ele ainda destacou o conceito de infraestrutura efêmera. “Faz sentido pagar por uma estrutura só nos dias de jogo. Por isso usamos infraestrutura como código — você cria, usa e destrói”.
Já Paulo Santos, da Vizrt, demonstrou como a plataforma VizNow simplifica essa complexidade. “O operador não precisa entender toda a estrutura da AWS — ele liga e desliga as instâncias de maneira segura e funcional. Por trás, está toda a orquestração técnica da nuvem.” Durante a sessão, os participantes acompanharam uma produção ao vivo exibindo as dependências da Arena Anhembi que integrou sinais SRT, NDI e inputs internacionais via MediaConnect, com grafismo dinâmico e controle de instâncias em tempo real.
Fabio Acquati fechou a rodada destacando a flexibilidade operacional proporcionada pelo AMP, plataforma da Grass Valley. “Você pode ter um operador de áudio em casa, o de grafismo em outro estado e o de vídeo na emissora — tudo sincronizado. A descentralização é viável, segura e escalável.” Com um switcher Maverick X configurável, Fabio demonstrou como é possível montar e operar uma produção complexa em poucos minutos, com painéis físicos ou virtuais e monitoramento em tempo real.
O workshop terminou com aplausos e o convite para que os presentes se unam ao grupo de trabalho da SET, que se reúne mensalmente para debater e experimentar novas possibilidades. “Foi um privilégio apresentar algo que vai além do PowerPoint, algo vivo, funcional. Esse é o espírito da metamorfose ambulante que Raul Seixas canta — adaptar-se, testar, evoluir”, concluiu Roberto Hoffmann, arrancando sorrisos ao citar o músico como metáfora da transformação da indústria broadcast.