Evento reuniu especialistas para discutir os principais desafios enfrentados pelas empresas, como custos crescentes e alta sinistralidade. Fotos: Karim Kahn/Sesi-SP

Conferência em Saúde Corporativa na Fiesp debate estratégias para a gestão de planos de saúde

Lúcia Rodrigues 

O cenário da saúde suplementar no Brasil impõe desafios crescentes às empresas, especialmente diante da escalada dos custos. De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde Suplementar 2024, realizada pelo Sesi-SP, Fiesp e Sesi Nacional, 67% das indústrias apontaram o alto custo como o principal obstáculo à evolução dos planos de saúde corporativos. Mas esse é um cenário que também abre oportunidades para inovação e melhoria na gestão desses benefícios. 

Para debater soluções, o Sesi-SP em parceria com o departamento do Complexo Produtivo e Econômico da Saúde e Biotecnologia (deComsaude) da Fiesp e do Ciesp, promoveu, na segunda-feira (16/6), a Conferência em Saúde Corporativa. Especialistas abordaram como o plano de saúde pode deixar de ser apenas um custo e se transformar em um ativo estratégico da empresa. 

Na abertura do evento, transmitido ao vivo pelo canal do Sesi-SP no Youtube, Alexandre Pflug, superintendente do Sesi-SP, alertou para o crescimento insustentável dos custos da saúde corporativa. Segundo ele, os reajustes dos planos chegam a ser três vezes superiores à inflação, comprometendo a sustentabilidade financeira das empresas.  

Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) confirmam a tendência: o reajuste médio dos planos coletivos empresariais em 2023, foi de 15,5%, enquanto a inflação oficial (IPCA) ficou em 4,62% no mesmo período. 

Pflug também destacou o aumento dos lucros das operadoras de saúde, que somaram R$ 5,5 bilhões em 2023, segundo a ANS. Isso acentua o desequilíbrio financeiro das empresas contratantes e reforça a necessidade de mudanças estruturais na gestão dos planos. “Sem medidas efetivas, os planos de saúde poderão se tornar inviáveis para as empresas”, alertou. 

A disparidade nos investimentos públicos e privados foi abordada por José Miranda, especialista em Saúde Corporativa do Sesi-SP. Segundo ele, o Brasil destina cerca de 4% do Produto Interno Bruto ao Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto aproximadamente 6% do PIB vão para a saúde suplementar. Ou seja, o setor privado movimenta hoje mais de R$ 400 bilhões por ano, segundo estimativas do Instituto de Estudos em Saúde Suplementar (IESS). 

Luiz Feitosa, sócio da Arquitetos da Saúde, listou os principais entraves do sistema suplementar brasileiro: inflação médica (que cresce de 2 a 3 vezes acima da inflação), alta sinistralidade (acima de 85% em muitos contratos), e o desequilíbrio financeiro, além da dificuldade em equilibrar custos e a percepção dos beneficiários. Ele sugeriu a adoção de modelos de remuneração per capita, foco em atenção primária e revisão contratual estratégica para aumentar a eficiência e sustentabilidade. 

Adriano Londres, diretor do deComsaude, reforçou que o setor ainda é muito reativo, com foco excessivo na doença e pouca atenção à qualidade e aos desfechos clínicos. Ele também alertou para o crescimento da judicialização. Londres defendeu organização coletiva dos contratantes, transparência na informação e remuneração atrelada ao desempenho para promover a sustentabilidade. 

A nova NR1, que inclui exigências relativas aos fatores psicossociais no ambiente de trabalho foi abordada por Jeferson Sakai, gerente de saúde e segurança do Sesi-SP. Ele enfatizou a importância de uma postura proativa dos gestores, com planejamento estratégico, negociação eficiente e comunicação clara para engajar os colaboradores. 

Ele citou uma pesquisa que indica que 60% das empresas desconhecem sua sinistralidade e que investimentos em promoção de saúde muitas vezes não estão alinhados aos problemas reais. 

A Conferência também contou com a participação de Greyce Guacelli, coordenadora do Movimento Empresarial pela Saúde (MES), que atua para integrar a saúde à estratégia de negócios nas empresas, especialmente na indústria, promovendo ações colaborativas entre empregadores, operadoras e prestadores. 

A íntegra da Conferência em Saúde Corporativa está disponível no canal do Sesi-SP no Youtube. 

Rede Brasil Inovador

Aldo Cargnelutti é editor na Rede Brasil Inovador. Estamos promovendo os ecossistemas de inovação, impulsionando negócios e acelerando o crescimento econômico. Participe!

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